Introdução
A abdominoplastia permite tratar os quadros de flacidez da parede abdominal, baseando-se na remoção de pele e gordura localizada na região abdominal inferior, bem como na correção de certo grau de flacidez muscular, quando indicado.
Trata-se também de cirurgia do contorno corporal e, muitas vezes, é associada à lipoaspiração de flancos (porções laterais do abdômen), dorso ou outras regiões, com o intuito de se obter a harmonia desse segmento corporal.
De modo simplificado, pode ser subdividida em abdominoplastia clássica e mini-abdominoplastia. Nesta, trata-se somente a região inferior ao umbigo e, naquela, todo o abdômen anterior, incluindo a abordagem da cicatriz umbilical.
As estrias por ventura existentes na área de ressecção podem ser, obviamente, eliminadas na peça ressecada. Porém, as presentes em outras regiões, como nos flancos e acima do umbigo, não são eliminadas com o procedimento.
Existem informações errôneas relacionadas a esta cirurgia, geradas por casos excepcionais de pacientes operados(as) por profissionais não habilitados ou por outros que costumam associá-la a intervenções cirúrgicas maiores na cavidade abdominal, aumentando o risco e piorando o prognóstico pós-operatório.
Deixe que o seu cirurgião plástico escolhido lhe informe sobre a conveniência de associá-la a outra(s) cirurgia(s) e pondere bastante com ele sobre as vantagens e desvantagens de tal associação.
Cicatrizes
A cicatriz resultante de uma dermolipecitomia abdominal segue uma linha arqueada e localiza-se horizontalmente logo acima da implantação dos pelos pubianos, prolongando-se lateralmente em maior ou menor extensão, dependendo do volume do abdome a ser corrigido. Geralmente, é planejada para ficar disfarçada sob as roupas de banho.
Existem casos em que os tecidos não têm distensibilidade suficiente para alcançar a região pubiana, havendo a necessidade da complementação da cicatriz horizontal arqueada com um pequeno traço vertical mediano. Isso resulta em uma cicatriz em “T” invertido.
As cicatrizes passam por vários períodos de evolução, como se segue:
•Período imediato: vai até o 30º dia e a cicatriz se apresenta, geralmente, com aspecto excelente e pouco visível. Alguns casos apresentam discreta reação aos pontos ou ao curativo.
•Período mediato: vai do 30º dia até o 12º mês. Neste período haverá espessamento natural da cicatriz, bem como mudança na tonalidade de sua cor, passando de “vermelho” para o “marrom”, até, que, aos poucos, vai clareando. Este período, o menos favorável da evolução cicatricial, é o que mais preocupa as pacientes. Como não podemos apressar o processo natural da cicatrização, recomendamos às pacientes que não se preocupem, pois o período tardio se encarregará de diminuir os vestígios cicatriciais.
•Período tardio: vai do 12º ao 18º mês. Neste período, a cicatriz começa a tornar-se mais clara e menos consistente, atingindo, assim, o seu aspecto definitivo. Qualquer avaliação do resultado definitivo da cirurgia do abdome deverá ser feita após este período.
Duração da cirurgia
Em média 3 a 4 horas. Esse período poderá ser prolongado, se o caso demandar. Lembra-se que o tempo de ato cirúrgico não deve ser confundido com o tempo de permanência do paciente no ambiente de Centro Cirúrgico, pois, essa permanência envolve, também, o período de preparação anestésica e recuperação pós-operatória. Seu médico poderá lhe informar quanto ao tempo total.
Período de internação
De 1 a 3 dias (evolução normal). Pode variar, dependendo de fatores como a extensão da cirurgia, evolução pós-operatória e características próprias do paciente.
Anestesia
Geralmente anestesia geral ou peridural. A anestesia local sob sedação pode ser empregada, em casos especiais.
Pré-operatório
No pré-operatório, são realizadas orientações para que haja o máximo esclarecimento sobre aspectos técnicos, benefícios, limitações, riscos do procedimento proposto, bem como sobre os cuidados que serão necessários no pós-operatório. O cirurgião está à disposição de seus pacientes, aos quais se recomenda que tirem todas as dúvidas, para que se sintam seguros e preparados para o procedimento.
Também, são solicitados os exames complementares, conforme indicado, bem como a avaliação clínica pré-operatória (“risco cirúrgico”).
Recomendações:
•Comunicar alterações relativas ao seu estado de saúde até a véspera da cirurgia;
•Comparecer ao local da cirurgia (hospital ou clínica) no dia e horário previsto na sua guia de internação;
•Caso a internação seja no mesmo dia da cirurgia, venha em jejum, conforme a recomendação médica;
•Evitar bebidas alcoólicas ou refeições muito lautas, na véspera da cirurgia;
•Evitar medicamentos para emagrecer, dos quais eventualmente esteja fazendo uso, por um período de 10 dias antes do ato cirúrgico;
•Evitar o uso de anticoagulantes dez dias antes da cirurgia, como, por exemplo, ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina, etc.) e, também, Ginko Biloba;
•No caso de pacientes fumantes, o hábito de fumar deve ser suspenso pelo menos 30 dias antes da cirurgia;
•Não aplicar cremes no corpo a partir da véspera da cirurgia;
•Providenciar cinta modeladora, conforme indicação médica, para uso no pós-operatório;
•Programar suas atividades sociais, domésticas ou escolares, de modo a não se tornar indispensável a terceiros, por um período de aproximadamente 2 a 3 semanas;
•Compareça acompanhado (a) para a internação.
Pós-operatório
Os cuidados pós-operatórios são essenciais. Não segui-los pode trazer riscos e comprometer o resultado final. Nas abdominoplastias, as principais recomendações pós-operatórias são:
•Evitar esforços físicos, ambientes quentes e exposição ao sol;
•Evitar movimentos bruscos e amplos, principalmente os que envolvem o uso da musculatura abdominal;
•Evitar, ao máximo, escadas longas;
•Não dirigir por, pelo menos, 3 semanas;
•Andar curvado (a), com ligeira flexão do tronco, e manter passos curtos, por um período de 14 a 20 dias;
•Deitar com o tronco elevado por almofadas e travesseiros e um suporte de almofadas sob os joelhos. Não deitar de lado ou de bruços até que tenha autorização médica;
•Movimentar constantemente os membros inferiores nos períodos de repouso para melhorar a circulação e ajudar a evitar trombose;
•Seguir prescrição médica;
•Usar a cinta modeladora conforme indicação, geralmente por 30 dias;
•Retorno ao consultório nos dias e horários programados;
•Alimentação normal (salvo em casos especiais), não devendo realizar “dieta ou regime de emagrecimento” até liberação médica;
•Não trocar ou manipular os curativos, mesmo que haja um pequeno sangramento (que é comum e não deve ser motivo de preocupação). As trocas de curativo serão feitas pela equipe cirúrgica ou orientadas por ela;
•Banho somente com a autorização da equipe cirúrgica ou sob sua orientação;
•Em caso de intercorrências, como sinais de infecção (dor persistente, inchaço, vermelhidão, calor local, pus ou febre), dor intensa, hematoma ou sangramento importante, deverá ter avaliação em pronto-atendimento e comunicar imediatamente médico assistente;
•Provavelmente você estará se sentindo tão bem, a ponto de esquecer-se de que foi operado (a) recentemente. Cuidado! A euforia poderá levá-lo (a) a um esforço inoportuno e determinar transtornos.
•Não se preocupe com as formas intermediárias nas diversas fases. Tire com o seu cirurgião plástico, e somente com ele, quaisquer dúvidas que possam advir.
•Em pacientes obesas, poderá ocorrer, após o 8º dia, a eliminação de certa quantidade de líquido amarelado ou sanguinolento por um ou mais pontos de cicatriz. Não se preocupe, porque isso, geralmente, não significa complicação.
No pós-operatório, algumas alterações comuns ocorrem como resposta do organismo à cirurgia e não são consideradas complicações. Dessa forma, edema (inchaço) e equimoses (coloração arroxeada na região) podem ocorrer em graus variáveis e não devem ser motivos de ansiedade para o paciente. Em caso de dúvidas é importante comunicar o médico assistente para que não haja preocupação com alterações comuns e transitórias, bem como para que não se deixe de identificar uma intercorrência que necessite de tratamento.
Curativos
São realizados curativos especiais, trocados periodicamente pela equipe do cirurgião.
Retirados dos pontos
A retirada dos pontos poderá ser iniciada em torno do 8º dia, devendo ser feita de maneira seletiva, nos dias que se seguem. Raramente a retirada total passa de duas semanas.
Perguntas frequentes
•Quantos quilos vou emagrecer com a dermolipectomia abdominal?
Sendo uma cirurgia que retira determinada quantidade de pele e gordura, evidentemente haverá uma redução no peso corporal, que varia de acordo com cada paciente. Não são, entretanto, os “quilos” retirados que definirão o resultado estético, mas sim as proporções que o abdome manterá com o restante do tronco e dos membros. Paradoxalmente, os abdomes que apresentam melhores resultados estéticos são justamente aqueles em que se fazem as menores retiradas. Desse modo, os resultados tendem a ser excelentes nas mulheres que apresentam certa “flacidez” do abdome após um ou vários partos, com predominância de pele sobre a quantidade de gordura localizada na região. Nos casos em que o paciente está com o peso acima do normal, o resultado também será compensatório e proporcional ao restante do corpo. Porém, deve-se lembrar que o “excesso de gordura” em outras regiões vizinhas do abdome ainda existirá, sendo aconselhado que tais pacientes sigam um tratamento clínico ou fisioterápico para equilibrar as diversas partes entre si.
•É verdade que será feito um novo umbigo?
Não, na maioria dos casos. O seu próprio umbigo será utilizado e, se necessário, remodelado. Deve-se levar em conta que, circundando o umbigo, existirá uma cicatriz que sofrerá a mesma evolução da cicatriz inferior (vide tópico “cicatrizes”). Existem várias técnicas para a reimplantação do umbigo. Todas elas são passíveis de futuras revisões cirúrgicas, caso venha a ser necessário. Isto acontece em decorrência da anomalia na evolução cicatricial de certas pacientes e é passível de correção, mediante uma pequena cirurgia sob anestesia local, após alguns meses. Em casos específicos, porém, pode ser necessária a confecção de um novo umbigo por meio de pequenos retalhos de pele da parede abdominal na topografia em que o umbigo deve-se posicionar.
•A dermolipectomia abdominal corrige aquele excesso de gordura sobre a região do estômago?
Nem sempre. Isso depende do seu tipo de tronco (conjunto tórax e abdome). Se ele for do tipo curto, dificilmente será corrigido. Sendo do tipo longo, o resultado será mais favorável. Também tem grande importância, sob esse aspecto, a espessura do panículo adiposo (espessura da gordura) que reveste essa área do corpo.
•Qual o tipo de maiô que poderei usar após a cirurgia?
O tipo de maiô dependerá exclusivamente de seu próprio manequim. Nos casos em que os resultados forem mais naturais, decotes inferiores mais “generosos” poderão ser usados. Lembre-se que o bisturi do cirurgião apenas aprimora suas próprias formas, que poderão ser melhoradas ainda mais com os cuidados complementares de um (a) esteticista ou fisioterapeuta, iniciados logo nas primeiras semanas após a cirurgia, conforme indicação médica.
•Poderei ter filhos futuramente? O resultado não ficará prejudicado?
O seu médico ginecologista lhe dirá da conveniência ou não de nova gravidez. Quanto ao resultado, poderá ser preservado, desde que na nova gestação seu peso seja controlado. Aconselhamos, entretanto, que tenha todos os filhos programados antes de se submeter a uma dermolipectomia abdominal.
•Ouvi dizer que o pós-operatório da dermolipectomia abdominal é muito doloroso. É verdade?
Não. Uma dermolipectomia de evolução normal não deve apresentar dor importante. O que existe é uma confusão por parte de certas pacientes que são operadas simultaneamente de outras cirurgias, como as ginecológicas, e, por isso, relatam dor pós-operatória. Nem todos os cirurgiões costumam recomendar essa associação de cirurgias, por constituir certo risco operatório, além de poder apresentar inconvenientes como dor e resultados menos favoráveis.
•Há perigo nesta operação?
Raramente a cirurgia de dermolipectomia abdominal traz sérias complicações, desde que realizada dentro de critérios técnicos. Isto se deve ao fato de se preparar convenientemente cada paciente para o ato operatório, além de ponderarmos sobre a conveniência de associação desta cirurgia simultaneamente a outras. O perigo não é maior e nem menor do que o existente em qualquer outra cirurgia eletiva ou mesmo em uma viagem de avião ou de automóvel ou até no simples atravessar de uma rua.
•Em quanto tempo atingirei o resultado definitivo?
No tópico “cicatrizes” foram feitas algumas ponderações sobre a evolução da cicatriz. Entretanto, resta ainda acrescentar algumas observações sobre o novo abdome:
⎯Nos primeiros meses, o abdome apresenta uma insensibilidade relativa, além de estar sujeito a períodos de “inchaço”, que regride espontaneamente. Nesta fase, poderá ficar com aspecto de “esticado” ou “plano”.
⎯Com o decorrer dos meses, tendo-se iniciado os exercícios orientados para modelagem, vai-se gradativamente atingindo o resultado definitivo. Não se deve considerar como definitivo qualquer resultado antes de 12 a 18 meses de pós-operatório.